domingo, 6 de junho de 2010

Vivências - I

Ontem, tive um fim de tarde agradável, na Ericeira – enfim, fica salvo o passar do tempo –, encontro calma e a suavidade de um entardecer de verão, e, até, algum divertimento numa ida a uma retrosaria com balcão de madeira e armários com portas de vidro, cenário comercial do nosso «passado». Mal entramos naquela loja ficamos rodeados de rolos de tecidos, lisos e estampados, coloridos ou de uma única tonalidade, empilhados ao sentido das cores, das texturas e dos propósitos. Chitas para um lado, algodões para outro, à esquerda os linhos, à direita as sedas, em quantidades e padrões definidos pelo preço do metro e da lei da procura e da oferta. Em frente dos nossos olhos perfilam-se molhos de fechos éclairs, fitas e debruns e gavetas de linhas e botões, tudo pronto para satisfazer as necessidades e as vontades dos clientes.
Aproveito o ambiente e informo a empregada que lhe venho pedir que me faça a bainha das calças se aqueles tecidos de flores e aqueles forros brancos, medidos a metro-padrão de madeira, se sobrepuserem às minhas prioridades dependentes dos afazeres domésticos de corte e costura de casa.
Saio com a promessa de que a minha necessidade será satisfeita, após o jantar com as minhas cinco mulheres, quatro Marias e uma Ana, no «Pinta», que agora é uma pizzaria, mas que já foi cervejaria, premiada pela frescura e qualidade dos mariscos e da sua açorda.
Sinto-me um Rei. De facto, reconheço que sou um homem privilegiado – e, apesar de todo o pessimismo sentido neste Portugal -, que vive rodeado de afecto e dedicação.

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