domingo, 20 de setembro de 2015


SER POLÍTICO NOS DIAS DE HOJE


Somos de ouvir com muita frequência que os cidadãos não se interessam pela política.
Não concordo com esta tese.
Aliás, para ser verdadeira, esta proposição não podia representar, por si, aquilo que na realidade é: uma observação política. Ou seja, a minha discordância sobre a afirmação inconsequente de não haver interesse político fundamenta-se no reconhecimento de que estamos perante uma falsa questão, com o propósito de diminuir ou mesmo anular o sentido crítico e interrogante que existe em todos nós. Todo o ser humano questiona constantemente, critica tudo aquilo que o rodeia e age em conformidade com o seu pulsar opinativo, isto é, o seu ser político, independentemente, de se aperceber, ou não, até que ponto houve influência do meio, das circunstâncias ou dos interlocutores que o rodeiam.
Mesmo a resposta laissez faire, laissez aller, laissez passer, legendada pelo habitual “encolher os ombros”, com que identificamos, tantas vezes, a espera messiânica por algo que queremos que aconteça, efectuado por alguém que nos substitui no agir e, consequentemente, no dever de ter um papel de interveniente activo, não deixa de ser uma afirmação política, mesmo que reconhecida como atitude de passividade preguiçosa.
Obviamente, que somos defensores da ideia que os cidadãos não se devem transformar em seres domesticados ou de adereço, servindo de suportes militantemente acríticos de quem tem o poder de conduzir, quer como resultado de vontade própria, quer legitimamente determinado por recebimento inscrito nas decisões de outrem. Compreendemos e damos força ao pressuposto que se deve, democraticamente, exigir aos cidadãos uma intervenção na vida da comunidade e como participante na construção do bem-comum. Apenas, não inserimos nesta exigência o recorrente sentido hegemónico e exclusivista das interpretações dos pensamentos, mas sim, e sempre, o seu invés, inscrito numa postura edificada na base do espirito aberto, de encontro e de colaboração com o outro, em que o aceitar a existência das diferenças do pensamento, desenhadas no ser e no estar particular de cada individuo, não é, por si, um obstáculo. De igual modo, também não aceitamos cedências às determinações que se imponham como “moeda de troca”, por necessárias conveniências de reconhecimento e de garantia de existência, no mundo das comunidades e das suas situações.
Neste sentido, consideramos que é possível defender e aplicar os valores éticos e inalienáveis do exercício da vida colectiva, mesmo sabendo que esta dimensão plural do grupo não altera (nem deve condicionar), a interrogação do espirito critico e de contestação individual. Não há monopólios das ideias. O Mundo (o nosso Mundo) é constituído por muitos intervenientes e preenchido por todos os contributos como pequenos tijolos que edificam as paredes da nossa experiência e, obviamente da nossa memória.

Enfim. Dia 4 de Outubro vou votar.
Faço-o porque independentemente da identificação e do proveito do resultado, sou um ser político.



Em quem vou votar? Não vos digo. O Voto é secreto, só eu e Deus é que sabemos (acrescento a minha mulher também. Neste caso, é uma partilha natural de confiança e cumplicidade de pensamento, fruto de uma vida em comum).
Mas, será sempre na ideia de corrigir o que está mal para mim e para todos.

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